"... A policia recebia propina dos outros negócios, mas o deixava em paz, provavelmente porque qualquer idiota podia ver que ele não estava ganhando dinheiro. Ele tinha quase tanto tempo sobrando para pensar como em Dongri e, talvez, por causa do sol escaldante de abril, ele pensou em água e gelo. Água e gelo eram feitos da mesma coisa. Ele pensou que a maioria das pessoas era feita da mesma coisa também. Ele mesmo, muito provavelmente, era pouco diferente por dentro das pessoas cínicas e corruptas a sua volta... Se ele tivesse que separar toda a humanidade por sua essência material, provavelmente acabaria fazendo uma única pilha gigante. Mas havia uma coisa interessante. O gelo era diferente - e, no seu ponto de vista, melhor que o material com o qual ele fora feito. Ele queria ser melhor que aquilo com o que fora feito. Na água suja de Mumbai, ele queria ser o gelo. Ele queria ter ideais. Por razões de seu próprio interesse, um dos ideais que ele mais queria era acreditar na possibilidade de justiça" (Em busca de um final feliz - Katherine Boo)
Antes mesmo de programar a minha viagem para a Índia comprei o livro "Em busca de um final feliz", o livro retrata histórias reais de habitantes de uma favela de Mumbai. Comprei para conhecer um pouquinho sobre a Índia, esse país tão desconhecido e enigmático no meu ponto de vista. Mesmo com a vontade de conhecer Mumbai despertada pelo livro acabei não visitando essa cidade... Fica para uma próxima oportunidade.
“Henna hands together
As people queued to meet them
Witnessing this moment
Saneesh and Shweta's wedding
Bright light won't stop shining”
(Le Sud - Version Saneesh & Shwetha's wedding 2014)
Hoje quando sentei para escrever esse post sobre a Índia, coloquei todas as minhas anotações na mesa, espalhei os cartões postais que comprei, cartões dos hotéis que me hospedei, guardanapos com os nomes dos restaurantes que fui, entrada dos monumentos que visitei, abri a pasta das minhas fotos e olhei várias vezes o vídeo da música que compusemos para os noivos...
Confesso que escrevê-lo não foi fácil, talvez seja um dos mais difíceis que já escrevi, talvez seja pela imensa quantidade de coisas que queria escrever aqui, talvez seja porque tenha sido tudo tão intenso, que não sei nem por onde começar... Mas vamos lá!
Como disse no post anterior, ir a um casamento na Índia seria a máxima
imersão na cultura indiana que eu poderia ter, e realmente não foi diferente!
Foram quinze dias de surpresas; umas boas, outras nem tanto... Quinze dias, nos quais aprendi um pouquinho sobre esse país e pude ver quanta diferença há em relação a nossa cultura, mas por outro lado, quanta igualdade há quando me refiro às pessoas.
A forma como fomos recepcionados pela família do meu amigo, toda a
atenção, cuidado e curiosidade que tiveram com nós, ocidentais, que de tão
diferentes, nos tornávamos tão parecidos...
Éramos vinte e duas pessoas, sendo a maioria franceses, porém no nosso
grupo tinha também brasileiras, americana, alemães, búlgaros, ingleses e
luxemburguês. Para muitos, assim como eu, era a primeira vez naquele país...
Cheguei a Cochin (sul do país) e parti de Nova Deli (norte do país),
viajei aproximadamente 2.700 Km, passando por diversas cidades, desde um
pequeno vilarejo até a capital do país.
A nossa chegada em um pequeno vilarejo próximo a Thrissur, no estado de
Kerala, aguçou a curiosidade da população, todos nos olhavam como se fôssemos
estranhos...
Nesse vilarejo aprendi a comer com a mão (a direita, já que essa é considerada a mão limpa, enquanto que a esquerda é usada para a higiene pessoal), aprendi que no banheiro os indianos não usam papel higiênico, aprendi que o “sim” se diz balançando a cabeça como se fosse o nosso “não”, vi elefantes, búfalos e vacas nas ruas dividindo espaço com carros, motos e pessoas, assisti a uma linda apresentação de dança indiana apresentada pelas mulheres da família do meu amigo e apreciei a culinária indiana em todas as suas formas e sabores.
A culinária indiana merece um comentário especial.
Primeiramente, a cozinha de Kerala é diferente de outras regiões da Índia, lá todas as refeições têm como base o arroz, desde o café da manhã até o jantar.
Nesse vilarejo aprendi a comer com a mão (a direita, já que essa é considerada a mão limpa, enquanto que a esquerda é usada para a higiene pessoal), aprendi que no banheiro os indianos não usam papel higiênico, aprendi que o “sim” se diz balançando a cabeça como se fosse o nosso “não”, vi elefantes, búfalos e vacas nas ruas dividindo espaço com carros, motos e pessoas, assisti a uma linda apresentação de dança indiana apresentada pelas mulheres da família do meu amigo e apreciei a culinária indiana em todas as suas formas e sabores.
Primeiramente, a cozinha de Kerala é diferente de outras regiões da Índia, lá todas as refeições têm como base o arroz, desde o café da manhã até o jantar.
As especiarias indianas são responsáveis pelos sabores que dão aos diversos molhos. Os molhos são preparados com leite de coco ou iogurte, por exemplo, e são sempre muito apimentados, sem falar no curry que é muito utilizado nos pratos em geral.
Os pratos são separados entre vegetarianos e não vegetarianos, os nãos vegetarianos acompanham frango, peixe ou carne de porco, sendo essa última mais difícil de ser encontrada. Li um artigo que diz que em nenhum outro país há tantos vegetarianos como na Índia. Estatísticas afirmam que 40% dos indianos não comem carne.
Tuc-tuc. Meio de transporte mais utilizado na Índia |
O casamento indiano no qual fui foi divido em uma cerimônia em um templo, uma recepção do noivo e uma recepção da noiva. Como eu era convidada do noivo, fui somente ao templo e na recepção do noivo.
Templo casamento Brahma |
A cerimônia no templo exigiu das convidadas ocidentais que se vestissem com o famoso sári indiano... As mulheres da família do meu amigo nos ajudaram a vestir a roupa, segundo meu irmão, estávamos parecendo atrizes de Bollywood!
Claro que na Índia tinha que ter alguém com a roupa igual a minha, né?!! Minha mãe francesa! |
A cerimônia de um casamento indiano é muito mais “visual” do que “escuta”. Os noivos ficam em um palco/altar com os familiares e há alguns rituais. O que mais me chamou atenção era algo que a família dos noivos dava a eles para comer com uma colher. Fiquei sabendo mais tarde que se tratava de banana com leite e que isso significa o começo de uma vida feliz. Durante toda a cerimônia os familiares davam isso aos noivos, depois na casa do noivo, nós, convidados, também levamos a boca deles essa mistura demonstrando os nossos votos de felicidade.
A cerimônia de um casamento indiano é muito mais “visual” do que “escuta”. Os noivos ficam em um palco/altar com os familiares e há alguns rituais. O que mais me chamou atenção era algo que a família dos noivos dava a eles para comer com uma colher. Fiquei sabendo mais tarde que se tratava de banana com leite e que isso significa o começo de uma vida feliz. Durante toda a cerimônia os familiares davam isso aos noivos, depois na casa do noivo, nós, convidados, também levamos a boca deles essa mistura demonstrando os nossos votos de felicidade.
Casamento Brahma em Kerala |
Casamento Brahma em Kerala |
Casamento Brahma em Kerala |
Almoço Cerimônia 02/11/2014 |
Almoço Cerimônia 02/11/2014 |
O almoço após a cerimônia no templo chamou atenção pela forma como foi servido.
Já no dia seguinte após a cerimônia partimos. Fizemos uma viagem de
cinco dias até chegar a Hyderabad onde seria a recepção do noivo.
Almoço Cerimônia 02/11/2014 |
Na Índia, os indianos acreditam em diversos deuses, um dos deuses que me
despertou curiosidade foi o Ganesha (corpo humano com cabeça de elefante), que
é um dos mais conhecidos e venerados Deus do hinduísmo.
A história diz que uma vez, sua mãe Parvati queria tomar banho e não havia guardas na área para protegê-la de alguém que poderia entrar na sala. Então ela criou um ídolo na forma de um garoto, esse ídolo foi feito da pasta que Parvati havia preparado para lavar seu corpo. A deusa deu vida a ao boneco, então Ganesha nasceu.
A história diz que uma vez, sua mãe Parvati queria tomar banho e não havia guardas na área para protegê-la de alguém que poderia entrar na sala. Então ela criou um ídolo na forma de um garoto, esse ídolo foi feito da pasta que Parvati havia preparado para lavar seu corpo. A deusa deu vida a ao boneco, então Ganesha nasceu.
Parvati ordenou a Ganesha que não permitisse que ninguém entrasse na casa e Ganesha obedientemente seguiu as ordens de sua mãe. Dali a pouco Shiva retornou da floresta e tentou entrar na casa, Ganesha parou o Deus. Shiva se enfureceu com esse garotinho estranho que tentava desafiá-lo. Ele disse a Ganesha que ele era o esposo de Parvati e disse que Ganesha poderia deixá-lo entrar. Mas Ganesha não obedecia a ninguém que não fosse sua querida mãe. Shiva perdeu a paciência e teve uma feroz batalha com Ganesha. No fim, ele decepou a cabeça de Ganesha com seu tridente.
Quando Parvati saiu e viu o corpo sem vida de seu filho, ela ficou triste e com muita raiva. Ela ordenou que Shiva devolvesse a vida de Ganesha imediatamente. Mas, infortunadamente, o tridente de Shiva foi tão poderoso que jogou a cabeça de Ganesha muito longe. Todas as tentativas de encontrar a cabeça foram em vão. Como último recurso, Shiva foi pedir ajuda para Brahma que sugeriu que ele substituísse a cabeça de Ganesha com o primeiro ser vivo que aparecesse em seu caminho com sua cabeça na direção norte.
Shiva, então, mandou seu exército celestial encontrar e tomar a cabeça de qualquer criatura que encontrarem dormindo com a cabeça na direção norte. Eles encontraram um elefante moribundo que dormia desta maneira e após sua morte, tomaram sua cabeça, e colocaram a cabeça do elefante no corpo de Ganesha trazendo-o de volta à vida. Dali em diante, ele é chamado de Ganapathi, ou o chefe do exército celestial, que deve ser adorado antes de iniciar qualquer atividade. Dai o símbolo do Deus com cabeça de elefante e corpo humano.
Nessa cidade visitamos o Campo dos Elefantes, um lugar que abriga em torno de 70 elefantes e famílias que moram nesse local para cuidar desses elefantes.
Os elefantes são cuidados para ficarem no templo, sempre ficam dois elefantes nesse templo e eles são revezados... Me senti mal nesse lugar ao ver os elefantes acorrentados, o olhar deles me parecia ser triste... Talvez fosse apenas impressão... Me surpreendi ao ver um homem tomar banho na água dos elefantes...
Os elefantes são cuidados para ficarem no templo, sempre ficam dois elefantes nesse templo e eles são revezados... Me senti mal nesse lugar ao ver os elefantes acorrentados, o olhar deles me parecia ser triste... Talvez fosse apenas impressão... Me surpreendi ao ver um homem tomar banho na água dos elefantes...
Visitamos Athirapelly, um lugar lindo com uma queda de água espetacular, vale muito a pena visitar.
Acho que esse foi o primeiro lugar turístico que visitei, me assustei quando vi famílias indianas pedindo para tirar foto com a gente... Me senti estranha, sorrir em uma foto que não era minha e que não sabia onde seria postada... Isso é muito comum na Índia, principalmente em lugares turísticos.
Os indianos vão pedir para tirar foto com você, e é difícil dizer não... Me lembro de um pai de família que me pediu para tirar foto com os seus filhos e eu disse que tudo bem. Mas eu havia escutado no Brasil que não deveria tocar nas crianças indianas (mito)... Fiquei paralisada na foto com um sorriso amarelo, aí o pai que estava com a máquina fotográfica me disse "you can touch them"... Automaticamente os abracei como fazemos aqui no Brasil quando vamos tirar fotos com amigos! O sorriso no rosto deles era bonito de se ver!
Umas das coisas mais impressionantes que fiz na Índia foi o passeio no Backwater, não tenho palavras para descrever o lugar, passamos uma noite em um barco. A paisagem vista ao longo da viagem é espetacular, vimos famílias que moram ao redor desse rio, mulheres lavando roupas, ou então um homem sozinho em um barco, no qual ele retirava a água que entrava com um balde, vimos crianças saindo da escola, vimos outros barcos cheios de turistas, vimos outdoors (o que achei que não fazia parte daquele cenário) e plantações de arroz... Enfim, a água, a terra e o céu se misturam e se fundem nesse local.
Fiquei durante um bom tempo imaginando como essas
pessoas vivem, longe da correria do dia-a-dia, da tecnologia e da
modernidade... Me dei conta de como dou importância para coisas tão banais e o
quanto me preocupo com coisas desnecessárias.
Fiquei realmente impressionada com tudo aquilo, refleti sobre como eu era até aquele momento e como eu seria/gostaria de ser após essa viagem: Mudanças!
Fiquei realmente impressionada com tudo aquilo, refleti sobre como eu era até aquele momento e como eu seria/gostaria de ser após essa viagem: Mudanças!
Jantar e passar uma noite no houseboat acho
que foi um dos momentos mais tranquilos que tive nessa viagem; a vista para o
rio e o silêncio que envolvia era algo único, sabia que dificilmente iria ter a
mesma sensação novamente em toda a minha vida.
Outro momento único que tivemos foi uma viagem de 26 horas em um trem... Estávamos em 1° classe, um pequeno vagão com oito camas e pessoas passando o tempo todo gritando “coffe”, “tea”... Aproveitamos essas 26 horas para admirar a paisagem, que em alguns momentos passava rapidamente, outros, lentamente pela pequena janela que ficava do lado da minha cama... Foram 1.000 Km de natureza e vista de pequenos vilarejos... A plantação de arroz em grande parte dos lugares por onde passamos me fazia entender porque o arroz é a base de todas as refeições!
Cantamos a música para os noivos na recepção, uma
festa luxuosa com a mais rica culinária indiana, linda decoração e com direito
a DJ & dançarinos.
Em Hyderabad, uma grande cidade da Índia, o trânsito, as buzinas, as vozes das pessoas e os rugidos dos animais nos confundiam ao caminhar por um mercado local.
Queria comentar que os indianos vendem tudo o que
você imaginar, desde especiarias a objetos de decoração, passando por roupas,
sapatos, bijuterias e utensílios para casa em geral, e acreditem, tudo é
negociável. Eu não sabia disso... No começo da viagem comprei coisas por 200
rúpias, mas que na verdade valiam 50 rúpias... Sim, me enganaram... Para ter
uma noção, 1.000 rúpias equivale a 17 dólares, basta fazer uma conta simples
para saber que um imã de geladeira, no qual paguei 200 rúpias (8,50 reais), não
valia mais que 50 rúpias (2 reais). Mas com o tempo aprendi a negociar e virei
uma expert!
Comprei um camelo, uma miniatura, claro! Paguei
400 rúpias... Acho que fiz um bom negócio, ainda mais depois de uma
apresentação de marionete no restaurante do hotel! O meu camelo é todo colorido
e foi feito a mão! Ele está na minha casa, olhando para mim o tempo todo. Durmo
e acordo olhando para ele lembrando da minha viagem...
Visitamos diversos fortes (fortalezas), palácios,
templos, loja de pedras preciosas, loja de especiarias, monumento dos relógios,
uma mesquita em Nova Deli, mercados abertos locais e fomos a um show de luzes
em Hyderabad, que é uma combinação de luzes, água e música. Queria poder
descrever tudo aqui, mas o post ficaria imenso...
Então decidi escrever sobre dois lugares que visitei: o Fort Amber e o Taj Mahal, que foram, em minha opinião, os monumentos que mais me impressionaram.
Então decidi escrever sobre dois lugares que visitei: o Fort Amber e o Taj Mahal, que foram, em minha opinião, os monumentos que mais me impressionaram.
Fort Amber:
Distante de Jaippur há aproximadamente 11 Km, no estado do Rajastão, está localizado o
Fort Amber, conhecido por seu estilo único misturando a cultura muçulmana com a
hindu.
O fort foi fundado em 1.592 por Man Singh I,
inicialmente ele foi construído sobre as ruínas de um fort do século XI. O
palácio/fortaleza foi habitado até 1.727 quando a capital do estado passou a
ser em Jaippur.
Achei muito interessante essa fortaleza, há uma
muralha de pedra envolta dela para protegê-la, e quando olhamos para fora dela
também vemos uma muralha de pedra lá longe que se assemelha às Muralhas da
China. Nosso guia, um simpático indiano que nos contava em francês as histórias
dessa fortaleza com um sotaque que nem os franceses do grupo conseguiam
entender, nos disse que quem nunca havia ido a China, não precisava ir mais!
O palácio fica no alto de uma colina, para subir
há algumas opções, entre elas a pé, de jipe ou nas costas de um elefante, os
quais, mesmo com os rostos pintados, me pareciam cansados...
Nunca andei em um elefante e não senti vontade de
fazer o percurso dessa forma. Devido ao sol e ao calor optamos subir de jipe,
uma subida rápida, mas que nos tirava o fôlego cada vez que nos aproximávamos
da entrada.
Fiquei surpresa ao saber que os reis que
habitavam nesse palácio podiam ter até 12 esposas e cada esposa tinha seu “mini
palácio” dentro da fortaleza.
Os azulejos que cercavam os “minis palácios” me
chamavam a atenção: os desenhos e as cores...
Ficava imaginando como tudo
aquilo poderia ter sido construído e preservado durante tantos anos...
O guia nos disse que alguns azulejos tinham desenhos eróticos... Não consegui identificar nenhum...
O guia nos disse que alguns azulejos tinham desenhos eróticos... Não consegui identificar nenhum...
Talvez o fato de estar em um lugar distante milhares de quilômetros de casa, no qual sabia que seria a única vez que estaria ali, me despertava uma imensa vontade de fotografar tudo e todos os detalhes...
O Taj Mahal, situado em Agra no estado de Uttar Pradesh é o monumento mais conhecido na
Índia, ele é classificado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade e foi
recentemente anunciado como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo em uma
celebração em Lisboa em 2007.
A obra foi feita entre 1.632 e 1.653 com a força
de cerca de 20 mil homens, os quais foram trazidos de várias cidades do Oriente
para trabalhar no magnífico monumento de mármore branco que o imperador Shah
Jahan mandou construir em memória de sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam,
a quem chamava de Mumtaz Mahal ("A joia do palácio"). Ela morreu após
dar à luz ao 14º filho, tendo o Taj Mahal sido construído sobre seu túmulo, junto
ao rio Yamuna.
Assim, o Taj Mahal é também
conhecido como a maior prova de amor do mundo, contendo frases retiradas do
Corão. Ele foi todo projetado respeitando os parâmetros islâmicos, sendo
um lugar rodeado por paredes de mármore incrustado com várias pedras preciosas
que reproduzem uma quantidade incontável de cores.
A sua cúpula é costurada com
fios de ouro. O monumento é cercado por quatro torres e há uma mesquita do lado
esquerdo, do lado direito há uma réplica da mesquita, porém não é uma mesquita.
Essa réplica foi construída para manter a simetria do monumento.
Pouco tempo depois da construção
do monumento, Shah ficou muito doente e acabou deposto pelo próprio filho que
se proclamou imperador. Depois da sua morte, o imperador foi sepultado ao lado
de sua esposa, fazendo com que esta seja a única obra que não esteja
milimetricamente nos padrões dos muçulmanos.
Caminhamos descalços pelo
monumento, infelizmente não é permitido tirar foto da parte de dentro... Tudo
ficou registrado na minha memória: as cores, as pedras preciosas, os desenhos
que essas pedras no mármore branco formavam... O que para mim, era algo
espetacular... E quando me lembrava que tudo havia sido construído como prova
de amor... Não havia como não se emocionar naquele lugar.
Pensei muito antes de escrever essa parte no
blog, mas nem tudo na Índia foi lindo... Fiquei impressionada com a miséria e a
pobreza que assola o país...
Pedintes e vendedores ambulantes insistentes
cercam os turistas nas proximidades dos monumentos e nos mercados locais
abertos.
No começo é impossível não se comover, mas com o
tempo, tudo isso começa a incomodar e irritar..
Me senti invadida por uma realidade visível e triste que “atrapalhava” o meu “turismo”, o meu momento de conversa com os amigos ou até mesmo a paisagem da minha foto...
Me senti invadida por uma realidade visível e triste que “atrapalhava” o meu “turismo”, o meu momento de conversa com os amigos ou até mesmo a paisagem da minha foto...
Me lembro quando estávamos saindo do Fort Amber,
um garoto com seus 12-15 anos se dirigiu até mim e me ofereceu um livro um
pouco sujo e amassado com as fotos da fortaleza. Eu disse que não queria e acho
que até fui um pouco grossa, ele continuou me seguindo e insistindo para eu
comprar, quando de repente, com um olhar cabisbaixo ele me disse que era
estudante.
Parei, fiquei olhando para ele durante alguns
segundos... Por 100 rúpias comprei o livro sujo e amassado que não valia
provavelmente nem metade do preço... E, provavelmente, aquele menino também não
fosse estudante, talvez esse fosse o seu “argumento de venda” para convencer
turistas como eu a comprar algo que, pelo menos, o ajudaria a ter o que comer
naquele dia.
Tudo o que queria naquele momento é que aquele
menino com os pés sujos e descalços realmente fosse um estudante...
Outro momento em que me senti muito estranha e
acho que foi o único que me senti abalada, diria que até revoltada comigo mesma
por fazer aquele passeio, foi um passeio de rickshaw. O rickshaw
é um veículo (uma bicicleta na verdade) que transporta pessoas e é puxado por
uma outra pessoa.
Por 100 rúpias pagamos um indiano para pedalar enquanto que eu e minha amiga sentadas observávamos a cidade. Passamos por ruas estreitas e sujas, as pessoas nos olhavam, umas tiravam fotos da gente e as crianças apontavam em nossa direção... As lindas cores das roupas expostas nesse mercado aberto se misturavam com o chão escuro com alguns pontos molhados e lameados... O indiano, que se esforçava ao pedalar para nos levar, nos mostrava os lugares: um templo ao lado direito, um mercado de sapatos do lado esquerdo e um McDonald's lá adiante... Fiquei surpresa quando ele apontou para o McDonald's... Nesse momento me dei conta que esse era o primeiro McDonald's que estava vendo após 13 dias naquele país.
Por 100 rúpias pagamos um indiano para pedalar enquanto que eu e minha amiga sentadas observávamos a cidade. Passamos por ruas estreitas e sujas, as pessoas nos olhavam, umas tiravam fotos da gente e as crianças apontavam em nossa direção... As lindas cores das roupas expostas nesse mercado aberto se misturavam com o chão escuro com alguns pontos molhados e lameados... O indiano, que se esforçava ao pedalar para nos levar, nos mostrava os lugares: um templo ao lado direito, um mercado de sapatos do lado esquerdo e um McDonald's lá adiante... Fiquei surpresa quando ele apontou para o McDonald's... Nesse momento me dei conta que esse era o primeiro McDonald's que estava vendo após 13 dias naquele país.
Chorei... Não porque que estava vendo o
McDonald's! Chorei por estar ali, me senti uma turista idiota fazendo aquele passeio,
um homem, assim como eu, magro e de certa idade pedalando no sol, me levando e
me mostrando com orgulho o que a sua cidade podia oferecer...
Finalmente, essa foi a viagem mais diferente de
todas que já fiz, a qual me ensinou mais sobre mim a mim mesma.
Muitas vezes durante a viagem eu me questionei o
que eu fazia lá... Acho que isso é normal quando você sai da sua zona de
conforto e se depara com tudo novo, surpreendente e diferente do que estamos
habituados...
Agora eu entendi. Entendi que precisava ver tudo
aquilo.
Precisava ver a preocupação e dedicação da
família do meu amigo em fazer nos sentir bem, como durante a viagem de trem,
eles nos aguardavam em uma estação que iríamos passar para nos entregar o
jantar.
Eu precisava acordar e dormir todos os dias rindo
com o bom humor dos franceses (eu já estava me esquecendo disso!).
Precisava ver que a miséria existe e que mais de
200 milhões de pessoas acordam e não sabem o que vão comer, não sabem para onde
vão nem onde vão dormir.
Precisava ficar sem acesso a internet, e-mail,
telefone, whats app para entender que não dependo do meu Iphone o tempo todo.
Precisava ficar todos esses dias sem beber bebida
alcoólica para descobrir que não preciso de uma cerveja para me divertir.
Precisava saber que é possível sentir o doce
aroma de uma flor ou o exótico aroma das especiarias indianas apesar da sujeira
das grandes cidades.
Precisava passar 26 horas dentro de um trem com
pessoas tão diferentes, mas que ao mesmo tempo eram tão iguais a mim.
E mais ainda, precisava aprender que um simples
balançar de cabeça acompanhado de um sorriso tímido pode dizer muita coisa...
Obrigada meu querido amigo Saneesh.
Obrigada meu querido amigo Saneesh.
Obrigada por contribuir para que essa viagem fosse única, repleta de descobertas e aprendizado. Amadureci, cresci, e posso dizer, sou uma outra mulher!
E claro, C’est où le riz, mon ami
?! Je t’aime !
Grande beijo dessa quase indiana
Alessandra Ferreira
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