Páginas

sábado, 25 de outubro de 2014

Dois continentes e uma única pessoa

Ao pensar nas minhas próximas férias e com o visto para os Estados Unidos em mãos, não pensei em outro lugar: New York!

Porém, já cotando as passagens e imaginando tudo o que eu poderia fazer na terra do "Tio Sam", um convite mexeu demais com o meu imaginário: o convite do casamento do meu querido amigo Saneesh. Um casamento na Índia!

Saneesh  - Paris 2011
Na hora eu pensei: Eu vou!

Mas depois pensei mais racionalmente... Eu já estava me programando para conhecer NY e talvez esse seria o último ano do meu irmão nesse país e não teria outra oportunidade de conhecer na companhia dele.

Mas por outro lado, também pensei que poderia ser a única chance de ir em um casamento na Índia, ou seja, ter a máxima imersão na cultura indiana... Então tive uma super ideia: Vou para os dois países!

Quando disse para os meus pais que estava cogitando a ideia de ir para a Índia, meu pai me olhou e disse: Minha filha na Índia?

Eu ainda argumentei dizendo que seria o casamento do ano! Ele com um olhar de consentimento e um certo orgulho por eu ter essa oportunidade, exclamou: Não, vai ser o casamento do século!

A minha mãe com uma expressão assustada soltou: Só não quero receber uma família indiana aqui em casa querendo negociar o seu casamento!
Eu gargalhando disse: Mãe pode deixar que eu mesma vou negociar!

Então começaram os preparativos para essa viagem dupla, passando por um país liberal e moderno com destino a outro país que é extremamente o oposto!

A obtenção dos vistos merece um comentário especial.
Eu já tinha quatro vistos negados para os EUA, estava desanimada e achava que nunca obteria.
Meu irmão insistiu para eu tentar mais uma vez com os meus pais. Ah, sem contar que minha mãe tinha seis vistos negados e meu pai cinco...

Um dia antes da entrevista, eu passei muito mal, não dormi a noite inteira e sentia meu coração acelerado. No dia da entrevista lá fomos nós! A cônsul, uma mulher jovem, não estava com a cara fechada e nem foi grossa como os cônsules das outras entrevistas, no entanto, ela fez diversas perguntas. Perguntas como o que a gente fazia, se já havíamos saído do país, há quanto tempo meu irmão mora lá, o que faz, por que foi e ficou... Embora eu estivesse nervosa, respondi tudo e tentei ser objetiva o tempo todo.

Quando ela perguntou para onde iríamos, após a nossa resposta ela fez uma cara de espanto, afinal, ninguém faz turismo no Alaska! A princípio esse era o nosso destino: visitar meu irmão no Alaska e fazer uma road trip até NY.

Quando ela disse que a nossa solicitação havia sido aprovada e que deveríamos retirar os passaportes em duas semanas, senti um alívio inexplicável! Os olhos do meu pai se encheram de lágrimas, afinal depois de tantos "não", finalmente iria conhecer o país onde seu filho mora há tantos anos.
Saí do consulado e fui direto para o hospital, medi a pressão e fiz uma eletrocardiograma. A médica disse que eu estava ótima. Ainda bem, né?

Já o visto para a Índia foi mais tranquilo, preenchi toda a documentação com uma certa antecedência da minha viagem. Quando recebi meu passaporte, a data de expiração do meu visto era 7 de Novembro, só tinha um problema, ficarei na Índia até dia 15 de Novembro!
O visto indiano tem prazo de validade de seis meses iniciando na data que ele é emitido. Não acreditei!
Enviei e-mail para o consulado e a única alternativa era solicitar outro visto quando estivesse próximo da minha viagem... Feito!

Com a decisão tomada, meu amigo indiano disse que eu deveria comprar uma roupa indiana, pois em uma das cerimônias o traje era recomendado, o pior é que eu não teria tempo de comprar na Índia.

Bom, eu sabia que deveria usar uma roupa "comportada" e descartar o decote e a fenda do meu vestido, mas daí usar um sari indiano tem uma distância enooorrrmmmeee!

E mais uma vez, histórias da vida da Aless, lá fui eu atrás da tal roupa indiana!

Nem preciso dizer que eu não achei, né?!
O dia minha viagem foi se aproximando e eu ainda não havia encontrado a roupa, desespero total! Por sorte, uma amiga do Saneesh, que mora em Paris e que vai viajar comigo pela Índia após o casamento, comprou e me enviou.

Enfim, tudo certo para essa aventura. O que estou sentindo? Não sei explicar... É um misto de ansiedade, preocupação, curiosidade, medo, felicidade... Mas acima de tudo CORAGEM.

Acho que é exatamente essa a palavra que melhor define o que estou sentindo: Coragem.
Coragem de partir sozinha para o outro lado do mundo, coragem de enfrentar a minha ansiedade, a minha preocupação e o meu medo em busca de alto-conhecimento,

Sinto que a minha viagem à Índia tem um propósito muito maior, algo que nem eu sei explicar, mas saberei exatamente quando estiver lá. Tenho certeza que voltarei uma pessoa melhor, mais humana e sensível e ao mesmo tempo mais forte. E o mais importante, sinto que muita coisa vai mudar na minha vida após essa viagem.

Me desejem sorte.
Não. Sorte eu já tenho. Me desejem "sabedoria".
Sabedoria para decifrar todos os meus enigmas.

Grande beijo
Aless